Um relato direto e visceral sobre as forças atuantes em uma favela, do tráfico de drogas à polícia. Um dos maiores sucessos do cinema nacional, um dos poucos a alcançar um status realmente popular, no sentido mais original do termo, com as falas dos personagens sendo repetidos à exaustão pelos brasileiros - e também com repercussão internacional, recebendo o Urso de Ouro do Festival de Berlim.
Os brilhantes Wagner Moura, Lázaro Ramos e Alice Braga vivem um tórrido e conflituoso triângulo amoroso neste drama sobre a dura realidade da população pobre em Salvador. Visceral, fez parte da seleção do Festival de Cannes e faturou o prêmio de Melhor Longa, em 2005, no Festival do Rio de Janeiro.
Depois de dirigir um documentário sobre o diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello, o cineasta Greg Barker decidiu levar a história para a ficção neste drama exclusivo da Netflix. E não é uma tarefa fácil: afinal, o diplomata, de alto cargo na ONU, viveu muitas vidas. Apaziguou guerras, cessou conflitos, fez acordos globais. Na intimidade, teve problemas, amou, sofreu. E ainda que Barker tenha acertado o tom desse mosaico de sentimentos, quem rouba a atenção em ‘Sergio’ é o protagonista Wagner Moura. O ator, que tem uma boa química com Ana de Armas em cena, traz confiança para o papel. Fala em inglês, francês, espanhol, português. Se emociona, alavanca a sensibilidade da situação. Mostra, assim, que é um dos grandes atores da atualidade. Pena que o filme se perde em alguns momentos, caindo em ritmo e emoção. Se fosse mais consistente, principalmente em termos de roteiro, seria o grande filme da carreira de Wagner Moura. Mas o essencial está aqui: boa trama, atuação exemplar e a história de um brasileiro chegando ao mundo todo.
‘Marighella’ acompanha os últimos dias da vida de Carlos Marighella (aqui brilhantemente interpretado por Seu Jorge), um político, escritor e guerrilheiro comunista marxista-leninista brasileiro que lutou contra duas ditaduras: a de Getúlio Vargas e a civil-militar iniciada em 1964. Wagner Moura faz aqui sua estreia na direção de um longa-metragem e encara uma tarefa difícil que é trazer à tela uma personalidade importantíssima para a história do Brasil. E ele fez um bom trabalho. Não é um filme que vá agradar a todos, pois ele realmente te deixa inquieto, revoltado e completamente chateado com o rumo que o país tomou. Tantas vidas foram sacrificadas durante a ditadura militar, e são até hoje, mas parece que nada mudou.
Após uma carreira bem-sucedida como roteirista em filmes como Extermínio e Não Me Abandone Jamais, Alex Garland construiu uma reputação como diretor com filmes como Ex_Machina: Instinto Artificial, Aniquilação e Men - Faces do Medo, cada um buscando levantar questões sobre identidade, opressão e dinâmicas de poder à sua maneira. Guerra Civil (Civil War) leva essas reflexões não tanto para o campo de batalha (como seu título pode sugerir), mas para o campo do jornalismo. A trama, em forma de road movie, se a em uma distopia futura próxima, onde a polarização política nos Estados Unidos dividiu o país em facções em guerra sob um governo corrupto e autoritário. Com o presidente (Nick Offerman) próximo da derrota, um grupo de jornalistas veteranos (Kirsten Dunst, Wagner Moura e Stephen McKinley Henderson), junto com uma jovem fotógrafa (Cailee Spaeny, de Priscilla), decide embarcar em uma jornada perigosa para conseguir uma entrevista exclusiva e documentar o progresso da guerra. Mais do que refletir sobre a polarização política nos Estados Unidos, a abordagem de Garland é mais um reflexo do papel desempenhado pelo jornalismo e pela mídia nesse sentido. Talvez não diga nada realmente novo ou profundo sobre o assunto, e sua fascinação com o deterioro político da nação americana é quase exploratória. Mas como entretenimento, é um filme verdadeiramente absorvente, e todo o elenco é fenomenal.