Flow é, em termos simples, um dos filmes mais bonitos de 2024, tanto visual quanto narrativamente, e uma das animações mais interessantes – e premiadas do ano – por diversos motivos. Trata-se de uma produção letã que narra a luta de um gatinho para sobreviver em um mundo misteriosamente inundado, aprendendo a conviver com animais de outras espécies a bordo de uma barca. Simples, mas narrado de forma eficaz com imagens puras, sem diálogos, conseguindo uma expressividade quase naturalista nos animais e uma emotividade enganosa para sua premissa tão básica, que se foca mais em evocar compaixão do que em explicar seus mistérios. Além disso, em termos da indústria da animação, pode ser um divisor de águas: foi feita totalmente com o software open source Blender, o que abre a porta para que animadores independentes criem cinema de animação de forma inovadora e sem as restrições representadas por outros caros padrões da indústria.
O legado do Studio Ghibli pode ser definido pelas filmografias de seus fundadores, Hayao Miyazaki e Isao Takahata. No entanto, ainda assim, o renomado estúdio de animação japonês gerou jovens diretores de estreia como Tomomi Mochizuki ('Eu Posso Ouvir o Oceano’) ou, neste caso, Hiroyuki Morita, que trabalhou como animador para outras produções e filmes de estúdio, como 'Perfect Blue' de Satoshi Kon, ou o anime 'Bokurano'. 'O Reino dos Gatos' é um spin-off de 'Sussurros do Coração', este por sua vez baseado em um mangá de Aoi Hiiragi. Embora não seja a melhor ou a mais incrível aventura animada lançada com o selo de Ghibli, é uma filme muito agradável para crianças e adultos.